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Amigo "Lobo"
Quando conseguimos comprar nossa casa, eu disse à minha esposa que teríamos um cachorro. Seria a realização de um sonho de infância e, no início de 1998, começamos a procurar um pastor alemão "capa preta" para integrar nosso novo lar.
Por meio dos classificados do Correio, fomos ver uma ninhada linda e escolhi o que me pareceu o mais esperto. Batizei-o de Lobo, homenageando o cão policial personagem do "Vigilante Rodoviário", seriado que eu assistia quando era menino.
Já no primeiro dia conosco, nossos laços se uniram de forma indelével. À noite ele chorava muito, provavelmente, por sentir falta da mãe e dos outros filhotes e, então, coloquei a caixa onde estava aos pés do nosso sofá e deitei de forma que minha mão ficasse sobre o dorso dele. Ele se acalmou quase que imediatamente e todos pudemos dormir. Na manhã do dia seguinte, já me seguia por toda parte e nunca mais chorou, nem precisou que eu dormisse próximo, pois se sentia seguro para ficar no canil sozinho.
Cresceu rapidamente e se tornou um cão muito bonito. Encantava a todos com uma mistura de docilidade, esperteza e segurança. Com o devido cuidado, era capaz de brincar com crianças de qualquer idade, correndo atrás de bolas - aceitando bem o papel de "bobinho" numa roda de garotos -, ou apenas sentando ao lado dos meninos, recebendo com alegria e alguma resignação os agrados e carinhos dos pequenos.
Mas também personificava como poucos o cão de guarda perfeito, capaz de agir de acordo com a situação que se apresentasse. Sabia se portar com agressividade, se necessário; ou apenas de maneira a deixar claro aos "interlocutores" que estava atento a tudo, pois bastava a sua figura altiva e alerta para arrefecer qualquer intenção menos nobre de um desconhecido em relação a nós ou a nosso lar.
A par disso, era uma "criança grande", fazia artes, roia objetos, cavava buracos no quintal para deitar na terra úmida nos dias de calor; reclamava atenção com veemência, exigia e nos dava carinho. Bebia água direto da mangueira, gostava de picolé de uva, fugia se deixássemos o portão aberto, mas apenas para nos forçar a "brincar de pique", porque, depois de algum tempo, se deixava alcançar.
Quando minha esposa ficou grávida no final do ano passado, ele, que dela aceitava carinhos mas não comandos, começou a passear com ela como se fora adestrado - junto! Senta! -, caminhando com toda a calma do mundo, aparentando não querer perturbar a criança que estava para nascer. Passou também a acariciar a barriga dela, gentilmente, com a cabeça.
Era forte como um touro, escapou da morte quando sobreviveu a uma doença de carrapato, ou quando foi envenenado por chumbinho. Mas, no mês de março deste ano, a idade avançada começou a cobrar seu preço. A partir de problemas sérios na bexiga e na próstata, houve uma reação em cadeia no organismo de nosso amigo. Tentamos, ele e nós, lutar com todas as armas possíveis para debelar o quadro. Não conseguimos. No final, restava apenas proporcionar-lhe a melhor qualidade de vida que pudéssemos. E, na madrugada do último dia 24/10/2010, nosso "filho de rabo" cansou (descansou) e partiu com quase 12 (doze) anos de idade.
A nós que ficamos, resta a saudade profunda e duas certezas: Ele foi, em todos os sentidos, o cachorrinho que pedimos a Deus; e que jamais haverá outro cão como o Lobo!
Luiz Fernandes de Oliveira Filho
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